A Ararajuba pertence ao ordem das aves Psittaciformes, que são algumas das aves mais inteligentes que possuem o cérebro mais desenvolvidos, possuindo capacidade de imitar, com grande fidelidade, todos os tipos de sons, inclusive palavras.
Pouco se sabe sobre seus hábitos no estado selvagem. Os registros de observação a encontraram em regiões medianas entre a planície amazônica e os altos do planalto central. Reúnem-se em grupos de até quarenta indivíduos, divididos em bandos menores de tamanhos variáveis que pernoitam em ninhos separados. Durante a estação chuvosa e o período de nidificação os bandos tendem a ser menores. Enquanto algumas forrageiam e realizam outras atividades nos estratos inferiores, alguns indivíduos se colocam sobre as árvores emergentes da copa florestal, atuando como sentinelas. Passam o período mais quente do dia em repouso, sob a sombra de uma grande árvore. Já foi vista se alimentando de frutas, flores, brotos ou sementes de caju, açaí, anani e especialmente murici, entre outras espécies vegetais, mas não parece ser especializada neles.
A corte entre os casais envolve o penteamento mútuo da plumagem. A cópula dura cerca de dois minutos, e em seguida o casal se dedica a explorar a região objetivando encontrar um bom lugar para o ninho. A árvore eleita geralmente pertence a um pequeno grupo ilhado em uma clareira da floresta densa, podendo ser de várias espécies, incluindo a Itaúba (Mezilaurus itauba), o Ipê-branco (Tabebuia roseoalba) e a Muiricatiara (Astronium lecointei). Seus ninhos são ocos escavados nessas árvores, estejam vivas ou mortas, geralmente a 15–30 m de altura. O vestíbulo do ninho é um túnel que penetra fundamente na árvore, abrindo-se no fim em uma câmara de postura que pode estar numa profundidade de mais de 2 m. O ninho é continuamente escavado pelos pais e pode ter várias entradas. É possível que essa profundidade incomum seja uma defesa contra predadores. Esse modo de nidificação especializado restringe as suas possibilidades para árvores idosas, grossas e de elevado porte - de 40 a 50 m de altura, com mais de 110 cm de diâmetro na altura do peito - mas essas mesmas árvores majestosas e antigas são os alvos preferenciais da indústria madeireira, que devasta a região onde as guarubas vivem.
A chocagem dos ovos se faz entre novembro-dezembro e abril, mas pode variar regionalmente na dependência das chuvas. A fêmea põe em geral de três a quatro ovos, mas aparentemente os ninhos são coletivos e a postura e eclosão se dão de forma assíncrona. Já foi encontrado um ninho com 14 filhotes, mas o sucesso reprodutivo é baixo. O grupo alimenta os que chocam. Ao contrário do hábito entre os psitacídeos em geral, outros indivíduos do bando, além do casal, também colaboram no cuidado da prole recém-nascida. Os adultos se aproximam do ninho de manhã cedo, logo após as 6 h, sempre vocalizando. Isso de imediato alerta as crias, que se aproximam da entrada e também passam a vocalizar. Então os adultos descem do alto das copas para alimentar a ninhada, o que acontece oito vezes por dia.
Os filhotes também vão à entrada do ninho outras vezes apenas para observar os arredores, mas sempre em presença do grupo, que se dedica então a outras atividades, como penteamento da plumagem, acrobacias nos galhos, lutas simuladas, vocalizações e interação com parceiros. Cada visita dura cerca de 35 minutos. Em alguns grupos os adultos pernoitam com os filhotes, enquanto que em outros eles são deixados sozinhos, indo o grupo dormir em outro ninho em uma árvore próxima. A saída do ninho das crias e seus primeiros voos são supervisionados pelos adultos. Os jovens são alimentados por algum tempo pelo grupo.
O grupo é internamente muito sociável e cooperativo, mas também é muito territorial, expulsando muitas espécies de aves de sua área de nidificação, incluindo rapineiros, tucanos e outros papagaios, usando técnicas agressivas de ataque e intensa vocalização. Por outro lado, toleram a presença de Picidae, Passeriformes, uma coruja (Strix virgata) e morcegos nas árvores em que nidificam. Seus principais inimigos são os tucanos Ramphastos tucanus e Ramphastos vitellinus, macacos, iraras e serpentes, que predam ovos e filhotes. A Aracanga pode expulsar a guaruba de seus ninhos e o Falco rufigularis e outros rapineiros podem expulsá-las de seus locais de repouso e alimentação.
Em Cativeiro
Os primeiros registros sobre a espécie foram deixados no século XVII, e foi citada por muitos viajantes e exploradores dos séculos seguintes. Era e é popular entre os indígenas, e até hoje serve como moeda de troca entre algumas tribos. Também é muito cobiçada no mercado nacional e internacional como animal de estimação, sendo dócil, sociável, afetuosa e "conversadora", e desde 1939 é tentada sua criação em cativeiro, muitas vezes bem sucedida. Porém, ela se revela custosa e difícil, a ave exige boas instalações e grande atenção, está sujeita a doenças e alterações de comportamento que podem incluir automutilação, e não é recomendada para amadores.
Em cativeiro costuma fazer uma postura de três a quatro ovos entre outubro e março. Quando os filhotes são removidos para criação humana o casal pode realizar outras posturas. A maturidade sexual acontece entre os três e quatro anos de idade, e sua vida pode se estender até uma média de vinte a trinta anos.
Curiosidades sobre a Ararajuba:
- A ararajuba é um animal fiel, fica sempre com a mesma companheira e, mesmo vivendo em bandos, na hora de acasalar e montar o ninho, o casal se afasta do grupo.
- Como os demais papagaios, essa ave é fiel também à sua casa e todo ano cria os filhotes no mesmo buraco de árvore, onde, com o bico, prepara um colchão de serragem.
- Quando a ararajuba vai procriar, ela muda sua vocalização.
- Durante a incubação dos ovos, a fêmea fica dentro do ninho, mas o macho se encarrega de conseguir comida para a família até que os filhotes possam voar. Só então as ararajubas voltam a se unir ao bando.
- Criada em cativeiro, a ararajuba está desaparecendo da natureza não só por causa da caça, mas sim porque as matas e, principalmente, os palmeirais onde encontrava seu alimento estão sendo derrubados.
Referências Bibliográficas:
- "Zoological Nomenclature Resource: Psittaciformes" (em inglês). Consultado em 23 de outubro de 2010.
- Miyaki, Cristina et al. "DNA fingerprinting in the endangered parrot Garouba and other Aratinga species". In: Revista Brasileira de Genética, 18, 3, 405-411
- Silveira, Luís Fábio & Belmonte, Fernando José. "Comportamento reprodutivo e hábitos da ararajuba, Guarouba guarouba, no município de Tailândia, Pará". In: Ararajuba 13 (1):89-93, junho de 2005
- www.ParqueDoisIrmãos.pe.gov.br
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